Alterações da pisada podem comprometer o corpo e afetar a sua estabilidade
Matéria veiculada no Portal UAI
27/08/2019 11:39
*Imagem O ortopedista Daniel Oliveira alerta que a maioria das pessoas só percebe que pisa de maneira errada depois de sofrer uma lesão ou sentir dor (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Pequenos exercícios auxiliam no fortalecimento dos pés, evitando quadro de lesões
Você já percebeu que algumas partes da palmilha do seu calçado estão mais gastas que outras? Ou que, ao pisar, você toca o chão com uma parte do pé de forma mais acentuada? Esses são alguns indícios de que você pode estar pisando de maneira errada. Por isso, é preciso ficar atento para evitar incômodos. De acordo com Ana Paula Simões, ortopedista e professora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, todos temos uma leve alteração na pisada. O grande problema é quando existe uma pisada muito acentuada de forma pronada (para dentro) ou supinada (para fora). “E aí você começa a sobrecarregar as estruturas, já que a linha de força, que deveria passar no centro, vai passar do lado de fora ou de dentro do corpo”, afirma.
A ortopedista compara essa situação com um carro e sua relação com os pneus. “Por que fazemos balanceamento do pneu? Porque, se ele começar a inclinar para um lado só, o carro vai puxar e você sentira falta de estabilidade; e é assim com corpo. Então, essas alterações de pisada podem comprometer o corpo e afetar toda a sua biomecânica por conta dessa linha, que vai passar naquela região de forma mais intensa”, explica.
Segundo o ortopedista Daniel Oliveira, cada pessoa tem um jeito diferente de pisar, devido à forma anatômica dos pés. E que problemas recorrentes vão depender também de fatores como o grau dessa pisada e das atividades realizadas no decorrer da vida, do peso e idade, por exemplo. “Entre as principais partes do corpo afetadas por ela estão os tornozelos, os joelhos, o quadril e a coluna vertebral. E a maioria das pessoas só percebe que pisa de maneira errada depois de sofrer uma lesão ou sentir dor”, frisa.
O profissional aconselha que, se houver dor ou incômodo nos pés, nos joelhos ou tornozelos, é importante fazer o teste da pisada para ver se há algum desalinhamento ao andar. “Uma dica prática para analisar a pisada é pegar um tênis ou calçado muito utilizado e ver em que lado ele está mais gasto. Se houver algum desnivelamento, pode ser sinal de que a pisada é supinada ou pronada.” De acordo com o ortopedista, nosso corpo acaba realizando compensações, que, muitas vezes, elevam a sobrecarga das articulações do joelho, quadril e coluna, causando fortes dores. “Assim, se pisamos de maneira errada, podemos sofrer com desequilíbrios corporais.”
ATLETAS
Para quem é atleta ou praticante de atividades físicas, principalmente de impacto, Ana Paula Simões ressalta que a preocupação com o tipo de pisada deve ser ainda mais incisiva, já que o excesso pode causar fraturas e outros incômodos. “Uma doença muito comum por sobrecarga e erro de pisada é a fratura por estresse. A pessoa que sobrecarrega aquela região onde tem um excesso de aterrissagem pela pisada é como se tivesse dando soco na sua mão numa parte única no osso. E aí ela começa a inflamar, até quebrar”, comenta Simões.
O tipo de calçado pode nos ajudar a manter a saúde do corpo em dia e a escolha vai depender da pisada que temos. Porém, antes mesmo da escolha do tênis, é necessário saber qual o tipo de pisada nós temos para que pequenos exercícios sejam realizados e auxiliem no fortalecimento dos pés, evitando quadros de lesões. “Indivíduos com a pisada neutra podem dar preferência a um sistema de amortecimento leve, para evitar pequenos problemas”, conclui Daniel Oliveira.
Como escolher o calçado
» Os de pisada pronada devem fazer uso de calçados que tenham amortecimento superior na região interna do solado e da antessola, com o intuito de diminuir o impacto e tornando o impulso na hora de pisar mais leve.
» Quem tem a pisada supinada deve, ao comprar um calçado, ficar atento ao sistema de amortecimento na parte externa, por gerar mais proteção aos pés, favorecendo o restante do corpo.
» Em relação ao uso de salto alto, os finos, mais conhecidos como salto agulha, devem ser usados apenas em ocasiões especiais. Quem precisa usar salto todos os dias, guarde o agulha e dê preferência ao salto médio.
» O meia pata, apesar de trazer mais equilíbrio ao corpo, oferece riscos, por conta da altura.
» O salto anabela é aconselhável, por trazer estabilidade e fazer menos pressão em vários pontos dos pés.
» O quadrado ajuda a dar estabilidade ao corpo.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Elizabeth Colares
https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2019/08/27/noticias-saude,250771/alteracoes-da-pisada-podem-comprometer-o-corpo-e-afetar-a-sua-estabili.shtml
2 comments
Tânia Aparecida Carvalho Marinho
21/11/2019 at 17:05
Adorei a reportagem sobre os tipos de pisada. Faz todo sentido! Tenho pisada supinada, já tive bursite no quadril e no momento tenho desgaste na coluna o que tem causado dores. Preciso escolher bem os calçados que vou usar. Na matéria nada foi falado sobre o uso de palmilhas. Gostaria de saber se aquelas palmilhas de silicone são indicadas para pisada supinada. Obs. Consultei com o Dr Daniel este mês.
Dr Daniel Oliveira
21/11/2019 at 21:05
Ola Tânia, existem vários tipos de palmilhas para diferentes situações. O ideal é fazer uma avaliação de como está a sua pisada. No NOT temos ortopedistas especialistas em pé pra fazer uma avaliação minuciosa . Não deixe de marcar com um deles. Abraço Dr Daniel Oliveira